Gregor Mendel: O pai da genética moderna
Gregor Johann Mendel (1822–1884) foi um monge, botânico e cientista que revolucionou a biologia com suas descobertas sobre hereditariedade. Suas contribuições para a ciência só foram reconhecidas décadas após sua morte, mas ele é hoje considerado o “Pai da Genética”.

Infância e Educação
Mendel nasceu em 20 de julho de 1822, em Heinzendorf (atualmente Hynčice, na República Tcheca), uma pequena vila do então Império Austríaco. Seus pais eram agricultores humildes, e desde cedo Mendel demonstrou interesse pelas ciências naturais. Seu talento acadêmico chamou a atenção de um professor local, que o incentivou a continuar seus estudos, apesar das dificuldades financeiras da família.
Em 1843, Mendel ingressou no mosteiro agostiniano de St. Thomas, em Brno, motivado por seu amor ao aprendizado e pela oportunidade de continuar seus estudos. Lá, ele adotou o nome religioso Gregor e passou a integrar uma comunidade intelectual que lhe proporcionou acesso a livros, laboratórios e debates acadêmicos.
Após sua ordenação como padre, Mendel foi enviado para a Universidade de Viena em 1851. Lá, estudou matemática, física e biologia, disciplinas que lhe forneceram a base teórica para suas futuras experiências. Os cursos em física e estatística foram particularmente importantes para que ele desenvolvesse métodos rigorosos de análise científica.
Experimentos com ervilhas
Ao retornar ao mosteiro em 1853, Mendel começou seus famosos experimentos no jardim do convento. Ele escolheu plantas de ervilha-de-cheiro (Pisum sativum) como objeto de estudo por serem fáceis de cultivar, terem um ciclo de vida curto e apresentarem características distintas e observáveis, como cor e textura das sementes.
Entre 1856 e 1863, Mendel cultivou e analisou mais de 28 mil plantas de ervilha. Ele cruzou plantas com características diferentes e registrou cuidadosamente os padrões de transmissão dessas características entre as gerações. A partir disso, Mendel formulou três princípios fundamentais da hereditariedade:
- Princípio da Dominância: Algumas características são dominantes e mascaram as recessivas.
- Princípio da Segregação: Os pares de fatores hereditários (hoje conhecidos como alelos) se separam durante a formação dos gametas.
- Princípio da Segregação Independente: Características diferentes são herdadas de forma independente umas das outras (desde que não estejam ligadas no mesmo cromossomo).
Esses princípios foram publicados em 1866 no artigo “Experimentos em Hibridização de Plantas”, mas receberam pouca atenção na época. A ciência do século XIX ainda não estava preparada para compreender a importância de seu trabalho, e Mendel enfrentou dificuldades para atrair interesse para suas descobertas.
Últimos anos de vida
Além de cientista, Mendel exerceu diversas funções administrativas no mosteiro. Em 1868, tornou-se abade, o que aumentou suas responsabilidades e reduziu o tempo dedicado à pesquisa. Ele também se envolveu em disputas com o governo sobre impostos cobrados das propriedades do mosteiro, o que marcou seus últimos anos.
Mendel faleceu em 6 de janeiro de 1884, aos 61 anos, em decorrência de problemas renais. Foi enterrado em Brno, sem ter recebido reconhecimento por suas contribuições científicas.
Reconhecimento póstumo
A importância do trabalho de Mendel só foi reconhecida no início do século XX, mais de três décadas após sua morte. Em 1900, três cientistas – Hugo de Vries, Carl Correns e Erich von Tschermak – redescobriram suas leis da hereditariedade de forma independente e reconheceram Mendel como o pioneiro da genética.
Hoje, Mendel é celebrado como o fundador da genética moderna. Seu trabalho estabeleceu a base para o entendimento dos mecanismos de hereditariedade, que mais tarde foi integrado à teoria cromossômica e à biologia molecular.
Legado
Gregor Mendel é um exemplo de como dedicação, método científico e paciência podem levar a descobertas transformadoras, mesmo que não sejam imediatamente reconhecidas. Seu trabalho não apenas influenciou a biologia, mas também abriu caminhos para avanços em agricultura, medicina e biotecnologia, tornando-se um dos pilares da ciência moderna.