Fábulas

Uma mentira puxa outra mentira

Um conto sobre honestidade e sinceridade.


Em uma vasta região no coração de uma floresta habitava uma comunidade de animais que viviam em harmonia e alegria. Entre eles estava uma tartaruga chamada Tuga, conhecida por sua simpatia, gentileza e, acima de tudo, sabedoria. Tuga tinha uma paixão especial: escrever contos e histórias. Mergulhar no mundo da imaginação era seu maior prazer, e ela adorava compartilhar suas narrativas com os amigos.

— Onde você está, Tuga? — perguntava a Sra. Tartaruga, sua mãe.

Tuga, totalmente concentrada em suas histórias, quase não percebia a pergunta, pois estava imersa em seu trabalho. Sua mãe admirava o talento da filha, orgulhosa de sua dedicação e habilidade com as palavras.

Um dia, um concurso literário foi anunciado na vila, e Tuga ficou empolgadíssima. Esse era seu passatempo favorito, e ela não podia deixar a oportunidade passar.

— Vou participar do concurso! — declarou, radiante.

— Você tem talento, querida. Com certeza vai vencer — disse sua mãe, cheia de confiança.

Mas nem todos na vila compartilhavam da alegria de Tuga. Lara, uma doninha egoísta e ardilosa, invejava o talento da tartaruga e sempre buscava se aproveitar das ideias dos outros para ganhar vantagem.

— O que Tuga está tramando desta vez? Preciso que essa ideia seja minha! — murmurou Lara consigo mesma.

A doninha não gostava de trabalhar e preferia pegar atalhos, acreditando que poderia alcançar o sucesso sem esforço.

— Ah, então vai participar do concurso… Não importa o que eu tenha que fazer, serei a vencedora! — decidiu Lara.

Tuga, por sua vez, começou a trabalhar em sua história, criando e lapidando cada detalhe com paciência e dedicação. Ela colocou seu coração e talento em cada linha. Lara, sempre atenta, observava de longe.

Finalmente, Tuga concluiu sua obra.

— Pronto! — disse ela, satisfeita.

Lara, já com um plano em mente, preparou documentos falsos e, ao ver Tuga se aproximando, interceptou seu caminho.

— Olá, Tuga! Está com pressa? — perguntou Lara, fingindo tropeçar e deixando cair seus papéis, fazendo com que Tuga também deixasse seu trabalho cair no chão.

Enquanto Tuga se abaixava para pegar seus escritos, Lara trocou as folhas sorrateiramente.

— Desculpe, amiga, não foi minha intenção! — disse Lara, afastando-se rapidamente com o trabalho de Tuga.

Sem suspeitar de nada, Tuga se despediu e seguiu seu caminho. Quando as histórias foram avaliadas, a obra que, na verdade, era de Tuga foi creditada a Lara, que recebeu aplausos e elogios pela “sua” criatividade.

— Parabéns, Lara! Excelente trabalho! — exclamaram os animais.

Tuga ficou desolada ao perceber o que havia acontecido.

— Não é justo! — lamentou-se. — De que adianta escrever se meu esforço pode ser tão facilmente roubado?

Lara, por sua vez, comemorava seu “triunfo” sem culpa. Mas, em breve, ela se veria em apuros. Como vencedora, foi chamada a apresentar uma segunda história original para a cerimônia final.

Dessa vez, porém, Lara estava sem saída. Sem a capacidade de escrever uma história própria, ela se deu conta da enrascada em que se metera. As mentiras, uma após a outra, haviam levado a essa situação inevitável. Por fim, pressionada, Lara decidiu confessar a verdade. Admitiu que o trabalho original era de Tuga, e a ela pertenciam todos os créditos.

A doninha percebeu que buscar reconhecimento pelo esforço dos outros era um erro. Se quisesse ser valorizada, precisaria encontrar seu próprio talento.

Assim, Tuga voltou a ser admirada por suas incríveis histórias, e todos aprenderam a reconhecer o valor único de seu trabalho. Desde então, ninguém mais tentou usurpar o que era dela, pois suas obras traziam uma marca autêntica e incomparável.